PROGRAMA NACIONAL DAS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES: UM ERRO APOIADO POR SOROCABA

PROGRAMA NACIONAL DAS ESCOLAS CÍVICO-MILITARES: UM ERRO APOIADO POR SOROCABA

Por
Iara Bernardi
Vereadora - PT

Foi com surpresa e indignação que recebi a notícia de que a Prefeitura de Sorocaba está solicitando a adesão ao Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares proposta pelo Governo Federal. É essencial não incidir nos erros do malfadado Governo Crespo, e ouvir previamente à solicitação de adesão ao Programa, a opinião da Rede Municipal de Educação, do Conselho Municipal de Educação, e dos próprios pais (que devem se responsabilizar pelas consequências de apoiar tal proposta, caso o apoio exista). Pelo que sabemos, não há uma manifestação formal deles sobre isso.

Escolas consagradas do sistema municipal de educação estão agora ameaçadas por este modelo equivocado de gestão: Matheus Maylasky, Achilles de Almeida, Getúlio Vargas, Leonor Pinto Thomaz e Flávio de Souza Nogueira.

Nenhuma dessas escolas apresenta critérios exigidos pelo Ministério da Educação para ingressarem no Programa, como serem de alta periculosidade ou terem o IDEB muito baixo. Ainda assim, foram colocadas na roda para ingressar em um programa que atende exclusivamente a interesses de apoiadores de Jair Bolsonaro.

As melhores escolas nacionais são instituições ligadas a Universidades Federais e a Institutos Federais, e se baseiam em um tripé: formação e qualificação de professores, currículos claros, e material didático alinhado aos objetivos da escola. Ou seja, a qualidade da educação está ligada diretamente ao trabalho árduo, desenvolvido ao longo do tempo, por milhares de pessoas.

O que o programa de escolas cívico-miliates de Bolsonaro quer é melhorar a educação com base em decreto e atos de fé. Isso não funciona. Em um só golpe, o presidente, com o qual o Governo Municipal parece comungar, comete dois atos: direciona recursos escassos do MEC para uma quantidade ínfima de escolas (216 até 2023, ante 181,9 mil escolas que o Brasil possui em funcionamento), aportando R$ 45 milhões de reais nessas instituições; e cria uma reserva de mercado para militares nas escolas públicas.

Afeito ao pensamento mágico de que sua vontade, por si, pode mudar a realidade nacional, Bolsonaro aposta em um modelo de educação que colocará em postos de comando militares que pouco ou nada conhecem sobre educação, e que terão de enfrentar realidades com as quais jamais conviveram e para as quais nunca se prepararam: criar linhas de apoio a estudantes de famílias paupérrimas, efetuar a ligação de ações de diminuição da indisciplina a processos de aprendizagem, criar um laço de pertencimento da escola com a comunidade.

No máximo, o que farão é diminuir a indisciplina via medo, uma vez que as formações miliares privilegiam o combate à violência com ações pontuais e, não raro, violentas.

O que a militarização bolsonarista faz é uma confissão de incompetência em formular e implementar políticas educacionais consagradas pela experiência nacional e internacional. E a reboque desta confissão, segue o desmonte educacional promovido na boa e consagrada Rede Municipal de Educação, que sangra com ataques sistemáticos, como o fim das escolas de tempo integral, os gastos exorbitantes com a compra de apostilas, aquisição de material pedagógico em multiplicidade, e desvalorização de seus profissionais.


André Canevalle Rezende

Assessoria de Imprensa

(15) 99601-7667

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