Autoridades convergem para a visão de que a união entre comunidade e forças policiais é essencial para ampliar a segurança nas escolas

Autoridades convergem para a visão de que a união entre comunidade e forças policiais é essencial para ampliar a segurança nas escolas


A Câmara Municipal de Sorocaba, por iniciativa da vereadora Iara Bernardi (PT) realizou, na noite desta segunda-feira (09) audiência pública para debater a segurança no setor da educação na cidade. Além do Secretário de Educação, participaram integrantes das forças policiais, da GCM, do Conselho Municipal de Educação, e de diretores e professores de unidades de ensino, além de pais e mães de estudantes.


No início da audiência, a vereadora Iara apresentou um balanço sobre os números de ocorrências policiais envolvendo as unidades de ensino da cidade. Segundo a Secretaria de Segurança e Defesa Civil, por meio da Sessão do Observatório de Segurança, de Janeiro a Setembro deste ano, foram registrados 195 atendimentos, em Centros de Educação Infantil, Escolas Municipais e Oficinas do Saber. Esses atendimentos se relacionam a danos, furtos qualificados, invasões e tentativas de furto. Foram realizados ainda 308 atendimentos de ocorrência em geral, e 10.025 atendimentos preventivos nas unidades citadas. Segundo os dados, uma das Escolas Municipais recebeu 13 atendimentos da GCM. A segunda Escola com mais atendimentos recebeu 10. Nos atendimentos gerais, foram contabilizados 116 atendimentos a furtos qualificados, 67 a danos, 29 em abordagem de indivíduos com atitude suspeita, dentre outros.


"São casos de invasão para furto de cabos de energia, merenda escolar, utensílios para preparo de refeições, dentre outros elementos que podem ser vendidos e convertidos em dinheiro. A comunidade escolar se sente insegura dentro da própria escola", diz a vereadora Iara, que antes de realizar a audiência visitou 13 unidades de ensino pessoalmente, nas quais conversou com professores e diretores. Segundo ela, a intenção original era realizar uma audiência pública para debater o Plano Municipal de Educação. "Contudo, no diálogo com a comunidade escolar, o que sobressaiu foram os casos relacionados à segurança. Por isso, resolvemos realizar essa audiência, com essa temática", afirma a parlamentar petista.


Acássio Leite, Delegado de Polícia representando o Dr. Marcelo Carriel, da Seccional, disse que a polícia está sempre a disposição das escolas, ressaltando que a separação entre ambiente escolar e atuação policial não faz mais sentido. Ele conclamou as comunidades a se engajarem mais no processo de prevenção aos crimes nas escolas. "É impossível que um sujeito saia de uma escola com uma panela enorme, e ninguém veja. Que alguém compre essa panela, e não desconfie de sua origem. Ainda temos um problema muito sério com a ideia do 'não quero me envolver'", disse. "As investigações são caso a caso. Mas não tivemos nenhuma denúncia anônima sobre ocorrências em escolas no 8º Departamento de Polícia [que fica na Zona Norte]", disse ele, demonstrando a ausência de participação da comunidade. "Trabalhamos com inteligência, e precisamos dessas denúncias", afirmou. "Quando a comunidade participa, os índices de criminalidade caem sensivelmente", concluiu.


O Secretário de Segurança e Defesa Civil, Comandante Marcos Mariano, também esteve na audiência. "Devemos pensar fora da caixa. Os casos de invasões nas escolas saem do âmbito apenas da presença de guardas e segurança, e vai além, para a participação da comunidade. Existem fatores que favorecem esses problemas, como a débil legislação brasileira, que é frágil em relação à punição dos crimes de furto. Além disso, tem a relação dos usuários de entorpecentes, que invadem das undiades de ensino para furtar elementos que possam vender", disse. Ele afirmou que a Prefeita Jaqueline Coutinho (PDT) está para anunciar, talvez ainda essa semana, um pacto de ações para coibir as invasões nas escolas. Ele também ressaltou a falta de sentimento de pertencimento entre comunidade e escolas, como fator para a não-atuação nas denúncias de crimes.


Iara Bernardi ressaltou ao Comandante que o pedido de presença de Guardas Civis Municipais nas unidades de ensino, como já ocorreu no passado, é uma constante nos diálogos com as comunidades escolares. O Comandante ressaltou que cada unidade de ensino precisaria de quatro GCMs para proteger as unidades 24h, em um total de mais de 600 GCMs só para atender escolas. "Não descartamos essa possibilidade, mas hoje ela é inviável", concluiu.


O Major Sídnei Vieira, subcomandante do 7º Batalhão de Polícia, afirmou que a Polícia Militar atua fortemente no policiamento escolar, prioritariamente nas estaduais, e concorrentemente nas municipais e particulares. Ele disse que a PM trabalha com a criação, execução e fomento de atividades preventivas entre a PM e a comunidade escolar nas ocorrências às unidades. "É importante a integração da comunidade no desenvolvimento de ações preventivas na área da educação, somando a expertise dos educadores com a da PM", afirmou. Ele ressaltou a criação do programa Vizinhança Solidária Escolar, de forma a engajar as comunidades nas prevenções a invasões, furtos etc.


O vereador Vitão do Cachorrão também esteve na audiência, e defendeu a criação das zeladorias nas escolas. "Essa é uma medida essencial para garantir mais segurança para as escolas, minimizando os prejuízos com invasões e furtos", disse ele.


O Secretário de Educação, Wanderley Acca, também esteve na reunião. "Estamos passando por um problema muito sério com as invasões escolares. Desde o início da atual gestão, estamos engajados no sentido de reverter esse quadro. Houve uma sensível diminuição desses casos no último mês", disse ele, que ressaltou a publicação do decreto que permite a implantação de zeladoria em cinco escolas municipais, em parceria com a GCM. "Há a possibilidade de transformar os Sabe Tudo em unidades onde possam abrigar as zeladorias", afirmou. Ele ressaltou que a participação da comunidade no processo de proteção às escolas é essencial, de forma preventiva. Ele afirmou ainda que já foram instaladas 42 câmeras e alarmes nas unidades de ensino.


O professor Alexandre Simões, do Conselho Municipal de Educação de Sorocaba, afirmou que a implantação do programa Vizinhança Solidária próxima às escolas é uma ação essencial para garantir a melhoria do quadro de invasões e furtos. "Temos que colocar a comunidade em conjunto, para termos sucesso nesse processo", disse. "Parabenizo o atual governo, mas lamento que esse tema não esteja sendo discutido com o Conselho de Educação, que define políticas públicas, de forma a garantir que essa discussão sobreviva às mudanças de governos", afirmou.


O Presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba, Salatiel Hergesel, disse que os servidores da educação sofrem muito com violência nas unidades. "Esse é um dado triste, que vem ocorrendo. A solução é juntar sim as pessoas nesse processo. O governo anterior, cassado, colocou a população contra os servidores, contribuindo com o aumento da violência contra os servidores. Temos de reverter essa situação", disse ele, que também é professor.


A Associação dos Professores Municipais, por meio do prof. Adriano, também esteve presente, e ressaltou que a educação é uma política públicas, e não pode ser alterada com a simples alteração dos governos. "Deve haver uma visão de longo prazo, uma política de Estado, e não de Governo", disse. Ele também ressaltou que é essencial despertar a sensação de pertencimento às comunidades no entorno das unidades, como ocorre com o CEI 13, de Brigadeiro Tobias, que é um exemplo que deve ser ampliado para outra escolas.


Representando a APEOESP, subsessão de Sorocaba, esteve a profª Fátima Faria, que concordou com as falas do prof. Adriano e de Salatiel. Ela disse que a Escola da Família, que ainda existe, estão sendo fechadas por falta de interesse do governo Estadual. Ela ponderou sobre a discrepância entre os cuidados dispensados entre as unidades do centro e das unidades da periferia.

O prof. Denilson, do Instituo Federal de Sorocaba, esteve presente e ressaltou que trabalhar com a segurança no entorno das unidades. "Tivemos caso de assalto a estudante de saída do IFSP para ir para casa", relatou. Ele afirmou que também é um problema as abordagens aos alunos nas imediações das unidades, por parte de pessoas estranhas, o que confere insegurança aos alunos. Ele cobrou uma maior presença das forças policiais nos momentos de entrada e saída das unidades, transformando-as em pontos de apoio às viaturas policiais.


Assista à audiência no Youtube:

Parte 1 - https://www.youtube.com/watch?v=r139U60x_y8

Parte 2 - https://www.youtube.com/watch?v=Hous3y--93A


10/09/2019


André Canevalle Rezende

Assessoria de Imprensa

(15) 99601-7667

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